Se a internet já era necessária, agora é fundamental

29 de maio de 2020 às 14:32

A pandemia da covid-19 nos pegou de surpresa e impactou profundamente todos os âmbitos de nossas vidas. Fomos obrigados a nos adaptar com as restrições de circulação, novas formas de trabalho, com a prática do trabalho remoto, chamado de teletrabalho ou home office. E com o esvaziamento das ruas, avenidas e estradas em todo o país, o tráfego na infraestrutura brasileira de internet aumentou, em um estalar de dedos, numa intensidade inesperada.

A situação deixou o Comitê Gestor da Internet no Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e as empresas provedoras de serviços de internet de cabelos em pé. Para se ter uma ideia, no dia 23 de março deste ano o fluxo de tráfego de internet no Brasil foi de 11Tb/s, quando a média de todo o ano de 2019 era de 4,69Tb/s. Ou seja, mais que duplicou. A sigla “Tb” quer dizer terabit, o que significa um trilhão de bits, que é a menor unidade de informação que pode ser armazenado em um sistema.

Ora, e apesar de parecer que as informações apareçam magicamente para nós em nossas telas de computadores, smartphones e tabletes, todo o acesso a informações que se utiliza da internet depende de uma estrutura física. Toda vez que nós acessamos um site ou aplicativo que demande o uso da internet, esse acesso envia imediatamente uma mensagem aos computadores que armazenam esses dados, também chamados servidores, que por sua vez nos devolve uma mensagem com dados permitindo o nosso acesso ou negando por qualquer motivo que seja.

E com o confinamento das pessoas em casa o pedido de acesso a dados pela internet aumentou exponencialmente. As novas formas de trabalho, de comunicação e até de lazer se concentraram quase que exclusivamente via internet. Os serviços de streaming, por exemplo, são os que contêm a maior quantidade de dados para a reprodução de vídeos e, como dizemos popularmente, “pesam” muito em nossas redes.

É verdade, no entanto, que as empresas fornecedoras de serviços de internet e agências reguladoras se preparam anualmente para o aumento do tráfego da internet, visto que esse tráfego aumenta mesmo a cada ano. Ocorre que a pandemia é uma situação completamente atípica e não estava no planejamento de ninguém.

Toda essa novidade infelizmente causada por uma crise de saúde pública mundial, preocupou as empresas provedoras de internet. A Anatel, no entanto, soltou um comunicado de compromisso público, junto a essas empresas, de que manterá o país conectado à rede mundial de computadores durante toda a pandemia. O compromisso garante que a Anatel irá monitorar todo esse tráfego e junto às empresas provedoras de serviço de internet encontrará soluções e alternativas caso o aumento da demanda coloque em xeque a nossa estrutura física já instalada no Brasil.

Para entendermos melhor, imaginemos que a estrutura física por onde os dados trafegam seja estradas de automóveis. Ora, se uma estrada tem a capacidade para circular 100 carros por hora, quando começarem a circular 200 ou 230 carros por hora, surgirá engarrafamento e o trânsito irá parar. É o que ocorre, por exemplo, todo ano quando os atrasadinhos deixam para declarar o imposto de renda no último dia e o site da Receita Federal “cai”, fica “fora do ar”. Um tráfego não suportado pela estrutura física do servidor.

Ora, mas assim como no trânsito podemos pegar vias alternativas, isso também pode ocorrer com a internet. E essa é a principal medida que pode ser tomada nesse período. Pode ser que os pacotes de dados tenham que percorrer caminhos mais longos, o que tornaria nossa experiência de navegação um pouco mais lenta, mas ainda assim os dados seriam enviados e nos chegariam de volta normalmente.

Alguns serviços que usam a internet tomaram medidas preventivas, como diminuir a qualidade e a quantidade de dados nos vídeos, por exemplo, para tentar manter o serviço ativo.

Até agora tudo tem funcionado muito bem, mas pode ser que em momentos mais drásticos e de maior tráfego digital a nossa experiência de navegação seja mais lenta ou até deixe de funcionar por alguns instantes. Mas podemos ficar tranquilos que não ficaremos sem acesso à rede mundial de computadores.

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